2007-08-10

9 Professores de Hindi

Los Angeles, 8 de agosto de 2007



[almoçando comida indiana ao lado de um casal de indianos]
- Vocês falam Hindi?
- Não, apenas telugu.
- :-(

[mais tarde, andando pela livraria da Convocação da SRF, vejo uma mulher com uma versão da "Autobiografia de um Iogue" em Hindi! Volto-me para ela e pergunto]

- Você então lê em Hindi?
- Ah, sim, mas este livro é para um amiga.
- Muito prazer, sou Carlos, do Brasil.
- Sou Munisha, da Índia.
- Eu estava justamente procurando uma professora de Hindi.
- Eu sou professora de Hindi.
- Estou estudando sânscrito e adoraria aprender, também, hindi, que, se minha ignorância sabe alguma coisa, parece que é o sânscrito facilitado...
- Isso. Você já almoçou?
- Sim, mas posso te acompanhar.
- Claro. Posso te mostrar alguma coisa em Hindi. Adoro escrever poesia.
- Eu também, mas em português brasileiro.

[Munisha compra comida, eu a ajuda a carregar as coisas até uma parte ao ar livre do hotel, em que encontramos, em meio a muita gente, uma mesa com apenas uma mulher sentada]

- Podemos nos sentar.
- Claro, de onde são.
- Do Brasil.
- E da Índia.
- Também sou da Índia.
- Que língua você fala? [pergunta Munisha]
- Hindi. Sou professora.
- E eu estava procurando um professor de Hindi, rezei e rezei e de repente me vêm duas!
- :-)
- Como você se chama? [pergunta a segunda professora]
- Carlos, mas também tenho um nome Hindi: bharati. [escrevo para ela com o alfabeto devanagari]
- Muito bem! Então você sabe ler! Só este "i" é que deveria ser longo... Bharatî...
- Agradeço. Minha primeira lição.
- Onde você aprendeu? [pergunta Munisha]
- Alguns amigos e eu montamos um grupo de estudos, com um discípulo de Swami Dayananada - mas o método estava um pouco cansativo e só eu fazia o dever de casa. Para falar a verdade, os outros alunos estavam realmente enfastiados de ter de repetir 100 vezes cada letra, e começaram a ficar revoltados comigo, pois não entendiam como eu poderia gostar de fazer aquilo...! Então eu lhes expliquei que eu não me importava muito com o dever de casa para gostar ou desgostar de sânscrito, pois eu tinha encontrado o método perfeito para aprender a língua dos deuses: os shîva sûtras de patânjali. Então expliquei o método aos meus colegas, que ficaram ainda mais revoltados: "mas por que você não disse antes que tinha encontrado o método perfeito?! A partir de agora, então, nos recusamos a aprender de outra maneira. Assim, fizemos um motim, e o professor "fugiu" :-) para a Índia, onde está estudando a gramática de Pânini, entre outras coisas. Teve de admitir que o método de Shîva era superior...
- :-) O que você quer aprender, então?
- O que você quiser me ensinar.

[ela me dá dicas de livros e filmes, enquanto a segunda professora se retira. Munsha continua:]

- Posso te escrever um poema?
- Por gentileza.

[ela escreve em sua caligrafia, de modo que tenho muito trabalho para decifrar cada som, enquanto ela ri do meu lado; segue a tradução]

- "Quando vim aos pés do guru,
encontrei toda a felicidade.
Para ir daqui a qualquer outro lugar...
Esta possibilidade nem sequer existe!
Quando tenho o oceano,
então por que eu deveria procurar um rio?
Quando encontrei o querido guru,
encontrei todos os tesouros".

- Belo. Nem tenho como agradecer. Posso tentar retribuir depois traduzindo para ti algum poema que escrevi.

[ficamos amigos e ela se ofereceu para traduzir textos da União da Árvore para o hindi - além de amiga e professora de hindi, ganho uma tradutora para a ONG!]

[no mesmo dia, após uma palestra, enquanto bebo água, uma senhora idosa com sua filha vêm me perguntar algo - elas têm trajes e sotaques inconfundíveis... Mais duas indianas]

- Como foi a palestra?
- Foi ótima.
- Que pena que perdemos.
- Posso resumir para vocês

[então conversamos por quase uma hora, ao que descubro que falam hindi! Além disso, convidam-me para me hospedar na casa deles quando eu visitar a Índia]

[de noite, sentando-me para a meditação em grupo, quem vejo ao meu lado direito?... Um casal que fala... Hindi! Meus sétimo e oitavo professores. Mais dois contatos indianos e fornecedores de aulas gratuitas. A meditação vai começar. Luzes se apagam. Ao meu lado esquerdo, sinto um pé impaciente bater-se e rebater no chão, durante quase toda a meditação. Quando abro os olhos finalmente, vejo um sorriso voltado para mim, cor de oliva, cabelos escuros lisos, bigode inconfundível. Nem precisava perguntar de onde era o qual língua falava. Tive que dispensar meu nono professor, pensando que tenho de ter cuidado da próxima vez que rezar em busca de tutores]

3 comentários:

ChToth disse...

Hare Hindi

Unknown disse...

assim vamos todos acabar estudando hindi tambem
floca

Jaque disse...

Esta é divertida ;o) É a cara do Mestre!! Como na história em que Br.Bakthananda pensava constantemente em como estava precisando de meias. Um dia o Mestre o chamou em seu escritório e assim que Brother entrou, Gurudeva lançou um monte de meias sobre ele. :o) E agora, o que vai fazer com tantos professores de Hindi? :o)

Jai Guru!
Jaque